João Paulo Carvalho | 24/05/2018
No mercado financeiro, muito se fala em cultura. Temos as culturas dos bancos, a cultura do mercado, a cultura do trabalho. Termos abstratos, porém, dotados de muito significado. Afinal de contas, o que é uma cultura? A palavra é originária do latim “colere”, que significa cultivar. Uma cultura, no sentido clássico, é um cultivo e, portanto, a cultura do mercado deve cultivar algo tal qual um agricultor cultiva seus vegetais.
No sentido moderno, entretanto, a definição de cultura é um problema filosófico longe de solução. O poeta britânico T.S. Elliot, em seu famoso ensaio “Notas para a definição de cultura”, arriscou uma definição relacionada com o saber e a tradição cristãs e ocidentais, que serviria de base para o conhecimento e para a experiência humana. Ainda que certamente antiquada em alguns aspectos, há de se reconhecer o mérito da resposta do poeta; a cultura não é, como pensamos, o conhecimento em si. A cultura é aquilo que nos dá as bases para adquiri-lo. Como? Talvez regredindo à mais básica redundância: pelo cultivo.
Cada cultura, assim, é o nosso cultivo pessoal de valores, ideias e projetos que nos permite alcançar algum tipo de conhecimento. Seja a cultura das ruas ou a cultura erudita ou a cultura do mercado, cada cultura consiste, fundamentalmente, em erigir as bases pessoais sobre as quais sustentam-se o conhecimento e a experiência humana.
O que seria, então, a cultura do mercado?
A resposta é incompleta e requer, por si só, uma longa elucubração filosófica. Em poucas palavras, todavia, podemos arriscar dizer que a cultura do mercado é todo o conjunto de valores, princípios e ideias que torna possível a produção e a absorção do conhecimento e da experiência de estar imerso no universo das finanças. Valores como dedicação, empenho, raciocínio, meritocracia e respeito, fundamentais em qualquer esfera da convivência humana, ganham uma dimensão nova dentro desse contexto: são eles os responsáveis, sobretudo, por se criar uma cultura do mercado.
Tal como uma cultura do mercado, então, buscamos criar uma cultura da Liga de Mercado Financeiro da PUC-Rio, calcada nos mesmos axiomas e virtudes. Sem muitas delongas, uma cultura que valorize o esforço e o “sangue nos olhos” e que, seja no mercado ou na vida, conduza à superação dos obstáculos internos e externos.
Nosso propósito, então, é difundir essa tão prezada cultura. É torná-la acessível para todo indivíduo que demonstrar interesse, desde o adolescente que, ainda no ensino médio, acabou de entrar em contato com o mercado e ficou maravilhado com esse universo, até o senhor de meia idade que deseja recuperar a saúde financeira e pessoal por meio dos investimentos. É ver na PUC — nossa universidade — hordas de jovens com sangue nos olhos e dispostos a dedicar-se incondicionalmente a seus sonhos e metas.
Aqui começaremos, então, a plantar as sementes dessa cultura. Esperamos que, na mente de cada um de nossos leitores, cresça, como cresceu na nossa, uma imensa plantação de princípios e valores e que, como toda colheita, eles deem muitos frutos.
Por último, não poderíamos falar de cultura sem publicar aqui um vídeo que ajudou a fundar e até hoje ajuda a transmitir a cultura de nossa associação.
Admiral William H. McRaven em seu discurso "Para mudar o mundo", crucial na elaboração dos pilares da LMF
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