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A importância do Mercado Financeiro – e porque ele é tão fascinante

Atualizado: 25 de jan. de 2021



Antonio Pedro Cardoso 17/08/2018

O Mercado Financeiro, no senso comum, é associado a especulação, ganância, glamour e riqueza. Tais características refletem de modo superficial e distorcido a importância desse mercado na nossa sociedade, o qual constitui-se como a engrenagem principal da economia, permitindo assim que os recursos circulem e gerem riquezas. Desse modo, o atual mundo globalizado dificilmente prosperaria sem ele.


Para explicar isso, precisamos primeiramente entender que, quando falamos de Mercado Financeiro, estamos englobando quatro grandes mercados: o Mercado Cambial, referente às trocas de moedas; o Monetário , para realização de financiamento de curto ou curtíssimo prazo; o de Capitais, referente à capitalização de empresas através de ações e debêntures; e o de Crédito, referente a empréstimos e financiamentos.


Sendo assim, o Mercado Financeiro é responsável -e provavelmente é o que vem na cabeça da maioria- pelo enriquecimento de muita gente. Há muito dinheiro envolvido e, consequentemente, muita gente fica rica. Não só nesse, mas em qualquer meio é assim. Contudo, uma peculiaridade é que, por ser de certa forma bastante especulativo, existe sempre a possibilidade de falência. Exemplo disso são as crises de 1929 e 2008. Porém, independentemente, o que importa é o seu impacto na economia real e a sua capacidade de desenvolver sociedades.


Começando por aquele no qual esse papel aparenta ser o menos óbvio, o Mercado Monetário é muitíssimo importante. Os ativos negociados nesse mercado caracterizam-se pelo seu baixo risco e pela sua elevada liquidez, visando um financiamento rápido e seguro. É muito utilizado pelos bancos em suas atividades do dia a dia, como quando precisam de recursos para atender aos requerimentos diários do Banco Central. Nesse caso, eles trocam títulos públicos de curto-prazo entre sí, garantindo assim a liquidez do sistema bancário.


Além dele, existem o Mercado de Crédito e o Mercado de Capitais. Esses dois têm a função de financiar empresas, mas fazem isso de forma diferente. No primeiro, consegue-se um empréstimo a um determinado juros, que depois deve ser pago; no segundo, abre-se o capital na bolsa de valores, vendendo parte da empresa (uma ação) a quem interessar ser sócio dela.

Dessa forma, ambos possibilitam a expansão de empresas, gerando mais riqueza para a sociedade.

Para ilustrar o exposto, recorremos a um exemplo objetivo: uma empresa X abre capital na bolsa de valores e capitaliza dinheiro para efetivar um projeto de expansão para um novo estado. O projeto é bem-sucedido, agregando valor para a economia e gerando de inúmeros novos empregos.


Por causa dessa capitalização, o governo receberá muito mais em impostos, tanto por conta do aumento na receita como por conta do salário dos recentes trabalhadores, que farão inclusive toda a economia local girar (e há imposto em todo e qualquer produto a ser consumido). E, se há aumento de imposto recolhido, haverá mais dinheiro para reinvestimento na sociedade.


Percebe-se, portanto, que, se não fosse o Mercado de Capitais e o financiamento que ele tornou possível, não haveria o projeto de expansão e o que ele veio a acarretar.

O que acontece é que o Mercado de Capitais promove o equilíbrio entre os que consomem menos do que produzem e os que consomem mais do que produzem. Então, por atrair todo e qualquer tipo de investidor, esse mercado se estrutura de forma segura por meio dos diversos agentes econômicos (corretoras, bancos, empresas, governo, eu e você) de forma a acelerar o fluxo das transações comerciais. E quanto mais rápido for o fluxo de recursos, mais rápido a economia está girando e mais rápido, consequentemente, se desenvolvendo.

Antes do efetivo estabelecimento desse mercado, o financiamento era extremamente concentrado em oligopólios regionais. Havia desenvolvimento, afinal qualquer financiamento leva a isso, mas era muito mais lento. Lembrando da época das feiras comerciais pela Itália, só havia “Mercado de Crédito”. Os grandes banqueiros, que tinham montantes enormes de dinheiro, emprestavam seu capital em troca de certos juros. Contudo, acabava sendo muito difícil saber como o tomador faria para pagar, com qual objetivo estava pegando emprestado e como futuramente o empréstimo seria pago. Assim, a assimetria de informações reduzia e travava possibilidades de negócios, desacelerando o desenvolvimento. O Mercado de Capitais, então, contribuiu absurdamente para acabar com esse problema, uma vez que, como explicado, dinamiza a circulação de recursos.

Vale lembrar que o Mercado de Crédito é e sempre será muito utilizado. O Mercado de Capitais, porém, acaba sendo muitas vezes uma forma muito mais barata de se capitalizar, já que em muitos lugares, como no Brasil até uns dois anos atrás, os juros eram bastante altos.

Além disso, depois da entrada na bolsa de valores, no chamado mercado primário, os agentes passam a “fiscalizar” a empresa. Isso ocorre, porque as ações podem ser vendidas e compradas no mercado secundário. Logo, se uma empresa está performando bem, todo mundo quer comprar suas ações e elas passam a valer cada vez mais, aumentando o valor de mercado da empresa.


Por outro lado, se uma empresa está performando mal, busca-se vender as ações e, então, passam a valer cada vez menos, diminuindo o valor de mercado da companhia. Dessa maneira, as empresas pouco eficientes vão aos poucos perdendo seu valor de mercado até serem extinguidas. Sobrevivem aquelas que são boas, ou seja, que continuam a trazer benefícios para a sociedade. Dessa forma, o Mercado de Capitais contribui mais uma vez para o desenvolvimento, já que incentiva a presença apenas de firmas competitivas e agregadoras de valor.

Pode vir a parecer coincidência, mas será que é à toa que os países mais desenvolvidos do mundo são aqueles com as mais fortes bolsas de valores? Ou, indo mais a fundo: as cidades mais desenvolvidas são aquelas nas quais as bolsas estão localizadas? Nova Iorque, Frankfurt, Tóquio, Xangai, Londres e até mesmo São Paulo: todas, do conceito da geográfica, são cidades-globais, exatamente por serem fundamentais para o andar da economia global.

Entre as diversas bolsas e as diferentes moedas, torna-se necessário um mercado responsável pelas trocas de moedas. Esse é o Mercado Cambial. Muitas vezes, acaba sendo utilizado como forma de investimento e especulação, mas é essencial para o governo manter a economia controlada. Quem nunca viu, por acaso, no noticiário o termo “swap cambial”? [1]. Ele já se mostrou algumas vezes fundamental no caso brasileiro.


Além disso, esse mercado se mostra muito importante para empresas com operação internacional. Através do câmbio a termo, ou seja, quando se pré-define um valor para o câmbio em certa data futura, as empresas mitigam riscos. Elas buscam proteção contra a volatilidade, reduzindo o impacto que uma apreciação ou depreciação brusca nessa taxa (mais comum do que parece) traria em suas operações.


É notável, portanto, que o Mercado Financeiro contribui bastante para o desenvolvimento de toda uma sociedade. Não basta toda essa dinâmica de especulação e investimento que ele possibilita. O importante é que ele é o principal fator de todo o processo de desenvolvimento. É a grande engrenagem na qual toda a economia se conecta e somente se mantém quando a grande engrenagem funciona.

[1] Segue um artigo bem resumido explicando ao que se refere: http://terracoeconomico.com.br/terraco-explica-o-que-raios-e-o-tal-do-swap-cambial

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