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Fundos Cambiais: a sensação do momento

Atualizado: 25 de jan. de 2021

Gustavo Berggren | 09/07/2018


Os fundos cambiais têm sido um dos investimentos mais rentáveis de 2018 até o momento, mas o que de fato são?


São fundos que aplicam no mínimo 80% de seu capital em investimentos atrelados a uma moeda estrangeira, sendo o dólar a mais comum. Para alcançar esse objetivo, os gestores do fundo fazem uso de derivativos, entre eles o ‘swap’, e investem nas NTN-D’s - títulos de dívida do governo brasileiro atrelados ao dólar.


O rendimento alto no ano se dá, portanto, pela desvalorização forte que o Real (e outras moedas de países emergentes) vêm sofrendo e pela valorização do dólar frente às moedas em geral. As causas dessa movimentação cambial são diversas, porém podem ser separadas em dois grupos: internas e externas. As internas dizem respeito à situação em que o Brasil se encontra - incerteza política em ano de eleições, déficit fiscal e recentes greves, o que afugenta investimento externo e gera consequentemente desvalorização do real. Já as externas estão relacionadas com o aumento dos juros nos EUA em um momento de tensão geopolítica internacional, elevando a rentabilidade dos títulos norte-americanos (investimento seguro) e atraindo capital dos países emergentes (investimentos de risco).


A partir do gráfico abaixo, torna-se possível compreender a magnitude da situação:


Variação do dólar vs. real ao longo do ano

Apesar de suas recentes performances, os fundos cambiais não devem ser vistos como um investimento de longo prazo, tal como títulos do tesouro direto ou CDB’s. Devido à sua alta volatilidade, são recomendados apenas para os seguintes casos:

  1. Hedge (proteção) cambial para gastos em moeda externa. Exemplo: um casal marca uma viagem para as férias em Nova Iorque, sabendo que, chegando na cidade, pagariam o hotel no valor de US$1000. O câmbio no momento da reserva estava R$3,00/US$. O casal então investiu R$3.000 em um fundo cambial. Quando chegou a data da viagem o dólar havia se valorizado 10% e, assim, quando sacaram do fundo, a quantia havia se tornado R$3.300, equivalente a US$1000.

  2. Especulação. Exemplo: no mês de fevereiro (como observado no gráfico) o dólar chegou a custar 3,15 reais. Nesse momento, um investidor experiente que acreditava na valorização do dólar investiu 100.000 reais em um fundo cambial. Durante a greve dos caminhoneiros, quando o dólar chegou a 3,77, esse mesmo investidor resolve sacar seu investimento. O valor sacado é de então aproximadamente 120.000 reais.

Considerações ao se investir em um fundo cambial:

  • Juros baixos: o objetivo desse fundo é acompanhar a moeda estrangeira. Portanto, mesmo que pague juros, são baixos quando comparados com a taxa básica da economia.

  • Taxa de administração: normalmente, não deve ser superior a 1% a.a..

  • Impostos: IOF descrescente nos primeiros 30 dias e imposto de renda regressivo: 22,5% para menos de 6 meses, 20% para menos de 1 ano, 17,5% para menos de 2 anos e 15% para mais.

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