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Saúde nos Estados Unidos: Obama, Trump e o ‘Efeito Amazon’

Atualizado: 25 de jan. de 2021

Francisco Siqueira Junior | 11/04/2018


Qual é o real significado de saúde para você? Há quem associe seu significado ao bem-estar momentâneo do indivíduo. Outros relacionam ao simples bom funcionamento do organismo em seu ambiente, tanto quanto um estado de equilíbrio para a fase da vida. O que importa é que a saúde para o mundo é bem mais que uma simples condição biológica do corpo humano. A saúde é um mercado, que movimenta bilhões de dólares e pessoas e relaciona seguros, farmacêuticas, laboratórios, pacientes, médicos e empresários do mundo todo que se utilizam da tecnologia e biomedicina para a livre iniciativa e aparelhos governamentais. Nos Estados Unidos, o país do consumo, não poderia ser diferente. O mercado de HealthCare dos EUA é um dos mais conturbados e cobiçados dos últimos anos e é necessário entender o porquê dessa euforia.


Historicamente, os custos de saúde americanos são dos mais especulados do mundo. Isso ocorre por conta de uma condição político-social do país, que relaciona um aumento histórico e gradual no preço dos serviços com os aumentos na demanda por produtos e tratamentos mais específicos pelos pacientes. Os EUA não possuem uma saúde universalizada – como no Brasil, Canadá e outros países. Isso infere em um custo per-capita pelo menos 3 vezes maior que dessas potências. A grande euforia e reviravolta no setor, no entanto, provém de algo muito mais recente: o governo Barack Obama. Adotando uma política mais populista, o presidente criou em 2010 uma lei (Patient Protection and Affordable Care Act, ACA), que regulamentava a atuação e os preços de seguradoras americanas. A proposta constitui-se em pressionar as empresas quanto ao oferecimento de planos de saúde aos seus funcionários e regulamentar seus preços e forma de atuações, com a ajuda de subsídios públicos, restringindo e valorizando o mercado. A eleição de Donald Trump, que visava acabar com o “ObamaCare”, trouxe instabilidade para o setor, mas que aos poucos foi sendo descartada, visto que suas propostas para a saúde não possuíam a força necessária no congresso. O verdadeiro risco para as empresas do setor não é o governo, mas algo que vem tomando conta de qualquer varejo nos estados unidos e países adjacentes: O efeito Amazon.


A Amazon é uma empresa multinacional focada no e-commerce, ou seja, na venda de produtos online, como livros, roupas e eletrônicos e possivelmente tudo que se possa vender em uma loja física. Para as empresas de consumo de varejo, a Amazon, com seu grande poder de distribuição e barganha de preços, é como uma praga imbatível alojada em uma plantação, você sabe que pode continuar plantando neste momento, mas a mesma se empossará de tudo no futuro - e para a saúde não é diferente. A ameaça de sua entrada já é uma realidade. A empresa já conseguiu permissão para venda de remédios que não demandam prescrição médica em mais de 13 estados americanos e ainda aguarda resultados de outros processos. Segundo projeções dos especialistas, o lucro da Amazon, que já foi superior a US$ 900 milhões em 2017, pode aumentar em até 20% com essa investida. Mas o projeto da potência é ainda maior que esse.


Em parceria com a JPMorgan e a Berkshire Hathaway, empresa do renomado investidor Warren Buffett, a Amazon publicou recentemente seu maior projeto para o setor mais badalado da economia americana. O objetivo consiste na criação conjunta de uma espécie de plano de saúde, que atuará sem fins lucrativos e com o objetivo de facilitar o alcance dos americanos a um atendimento mais simples e barato, reduzindo até os custos da própria empresa com mais de 1 milhão de empregados. O resultado dessa divulgação já impactou o preço das ações das principais companhias de saúde americanas, pois caracterizaria a maior realocação no setor


Para o futuro, por conta do envelhecimento da população e a queda nos índices de natalidade, observa-se que cada vez mais será necessário o dispêndio em remédios e assistência médica. Outro paradigma americano é o nível de obesidade geral da população e principalmente entre crianças. O problema na alimentação é real e é possível inferir que o gasto com remédios para obesidade mórbida, doenças cardiovasculares e diabetes vai crescer exponencialmente. A instabilidade e especulação, que moveram as empresas de HealthCare durante toda história, se encontram sempre presentes, movimentadas pelo mercado que mais envolve pessoas e focos nos Estados Unidos. É possível prever, portanto, que, como todo ciclo vital, o setor apresenta altas e baixas sazonais, mas sempre recupera sua saúde.



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