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Engenheiros no Mercado Financeiro

Atualizado: 25 de jan. de 2021

João Pedro Khair Cunha & Thomaz Hadba | 16/04/04


A engenharia é uma profissão muito ampla que possibilita o ingresso nas mais diversas áreas do mercado de trabalho. A Associação Internacional de Engenheiros define a profissão como a aplicação do conhecimento matemático e técnico-científico na criação, aperfeiçoamento e implementação de sistemas, processos, entre outras utilidades¹.


Para compreender melhor o mercado financeiro como área de atuação para a engenharia, a LMF PUC-Rio entrevistou dois engenheiros de grande renome no âmbito de finanças.


Marcio Lyra, formado em engenharia mecânica pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), é sócio da gestora de investimentos JGP, onde se consolidou como um dos maiores analistas técnicos do Brasil.


Marcelo Stallone, cursou engenharia no Brasil, transferiu-se para a Oklahoma State University (OSU) para se formar em Business Administration. Trabalhou no Banco Garantia, foi sócio da Dynamo e atualmente é sócio da Gávea Investimentos.


Nas últimas décadas, o mercado financeiro vem atraindo cada vez mais engenheiros. Segundo uma pesquisa realizada pela Universum em 2019², que entrevistou mais de 9000 engenheiros de faculdades distintas, apenas 1 a cada 4 engenheiros estão buscando trabalhar em empresas genuinamente de engenharia, como a Petrobras por exemplo. Esse número apresenta uma redução muito expressiva que ocorreu a partir de 2015, cuja proporção era de 1 a cada 2.

Segundo Marcio Lyra, tal dinâmica é uma via de mão dupla: o perfil do engenheiro é um forte atrativo para o mercado, e este é uma atividade atrativa para o profissional. “Engenheiros são dinâmicos, gostam de resolver problemas e gerar resultados. O mercado proporciona estas coisas. E remunera bem.” A formação, além de ser atrativa, produz vantagens competitivas interessantes no mundo financeiro. De acordo com Marcelo Stallone, o engenheiro por ter um raciocínio bem estruturado e desenvolvido tem mais facilidade para certas áreas, e o comparou com um economista. “A cabeça matemática de quem faz engenharia, principalmente engenharia de produção, é muito bem vista no mercado financeiro. Acho que o engenheiro tem mais facilidade para trabalhar na área de risco, estatística e controles; o economista na área de análise micro e macro... mas não é regra. Acredito que faça alguma diferença no início da carreira”.


Marcio Lyra teve postura parecida: “A lógica e a matemática tendem a ser mais 'apuradas' que em outros cursos de formação. E como disse antes: são usadas na solução de problemas práticos”.


Vale ressaltar, contudo, que o engenheiro interessado em ingressar no mercado financeiro deve fortalecer certas competências necessárias à atividade, pouco desenvolvidas durante a formação acadêmica. “A fraqueza está na mentalidade lógica e 'cartesiana' dos engenheiros”, diz Lyra. “Somos treinados para fazer contas e achar soluções certas, exatas. Mas o mercado financeiro não é exato. Não é 100% lógico. Existe uma espécie de 'equilíbrio' entre ciências humanas, exatas e psicologia. Pessoas muito 'quadradas' tem dificuldade de se adaptar a um universo 'inexato'."


Stallone, por sua vez, destaca o valor da prática: “Acredito que o que você aprende mesmo é trabalhando e lendo/estudando assuntos específicos depois de formado. O principal aprendizado vem com o trabalho”.


Fica evidente, portanto, o grande potencial do engenheiro como profissional do mercado financeiro. A profissão indubitavelmente é muito maleável, permite que o Engenheiro trabalhe em diversas áreas do mercado; apenas três de cada dez engenheiros permanecem em sua área típica³. O desenvolvimento de um raciocínio lógico-matemático e analítico voltado para a resolução de problemas complexos, combinado a um fortalecimento das aptidões humanas e sociais para lidar com a “inexatidão” do mundo de finanças, proporciona ao engenheiro a possibilidade de uma carreira de sucesso, como proporcionou aos entrevistados Marcelo Stallone e Márcio Lyra.

Bibliografia:



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